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Investir ou não no espetáculo de dança?

Atualizado: 6 de fev.


Com a chegada dos espetáculos de fim de ano, é comum os pais e responsáveis se questionarem se realmente vale o investimento financeiro que envolve a participação dos filhos nas apresentações de dança.


O ballet principalmente, pode ter figurinos que passam dos quinhentos reais à depender da proposta coreográfica, isso sem falar do custo com meia, sapatilha, grampos, gel, maquiagem, ingressos para a família e para a maioria das pessoas esse investimento é alto e pode chegar a comprometer os planos da família. Em alguns casos os custos gerais com espetáculo ultrapassam com facilidade o equivalente a 1 ou 2 salários mínimos, por bailarino, dependendo da cidade ou estado onde a escola de dança está localizada.


E aí? Será que vale a pena deixar de fazer uma viagem de final de ano ou abrir mão de outros planos para ver o filho dançar?


A primeira coisa que precisamos entender é que escolas de dança não promovem (ou pelo menos não deveriam) promover eventos como aqueles que estamos acostumados a presenciar nas festas de fim de ano de creches e escolinhas. Espetáculos de dança demandam de um planejamento específico, profissionais especializados e tentam ao máximo se aproximar de eventos de nível profissional.


Em segundo momento é importante lembrar que o espetáculo costuma ser a única oportunidade que o aluno tem de subir no palco de um teatro e mostrar o resultado de um ano inteiro de dedicação e trabalho. Quando os responsáveis optam por não deixar a criança participar, ela se sente excluída do principal evento do ano e passam a acreditar que o esforço dia após dia não vale a pena. Para o artista, aplauso é o que simboliza o encerramento de um ciclo de dedicação e muita determinação.


O bailarino que participa de espetáculos costuma ter maior desenvoltura, evolui mais rapidamente e desenvolve habilidades que serão muito necessárias no futuro como responsabilidade para trabalhar em equipe, controle das suas próprias emoções, maior facilidade para lidar com público, sociabilização, superar desafios e enfrentar seus medos.


Também é no espetáculo que os professores tem a chance de por à prova aqueles alunos que buscam por mais oportunidades e desejam trilhar uma carreira profissional.


Já reparei que meus alunos voltam outros após o espetáculo: mais maduros, com mais vontade de aprender, cheios de planos, objetivos e com o desejo de um dia chegarem ao nível dos alunos mais velhos.


Sobre o investimento em figurinos (por favor, não fale fantasia rsrs) a administração da escola precisa estar alinhada com as expectativas e a realidade financeira de seus alunos, mas os pais precisam saber que certas economias não fazem sentido. Os figurinos de dança dependem de uma modelagem específica, não é qualquer costureira que tem o conhecimento necessário para executá-los.


Já passei como aluna por situações onde foi necessário dança de sutiã devido a transparência do tecido utilizado e falta de estrutura do figurino, já tive figurino entregue minutos antes do espetáculo, figurino feito com tecido sem elasticidade e modelagem que não assenta no corpo e o mesmo acabou rasgando/descosturando ainda no camarim... Esses foram alguns dos problemas que tive com "figurinos" feitos por costureiras que não estavam habituadas a costurar pra dança.


O figurino tem que ser perfeito para o corpo de cada bailarino, não pode ser necessário nenhum tipo de "gabiarra" ou o uso de shorts, sutiã e outros acessórios, o ideal é que a roupa seja o mais prática possível para evitar situações desconfortáveis no palco.


A escola precisa ser transparente com os pais, mostrar no que será investido o valor da taxa de participação, do figurino, qual empresa está sendo contratada para fazer foto e vídeo, iluminação, quais serão os benefícios para o aluno no dia, antes e após o espetáculo. Mas ao mesmo tempo a escola precisa oferecer alternativas para facilitar o pagamento para os pais. Planejamento é fundametal!


No EDBV eu costumo fazer uma reunião ainda nos primeiros dias de fevereiro para que os pais saibam como esse valor será utilizado, possam se programar e tenham mais de 7 ou 8 meses para quitarem os custos.


Agora, o que pra mim é o principal: você gostaria de se dedicar meses, investir em aulas, gastar com transporte, tempo, sonhar com um projeto, ver todos ao seu lado engajados com aquilo e depois acabar sabendo que você não vai participar, ou pior, que você não participou?


Muitos pais não comunicam seus filhos que eles não participarão do espetáculo e a criança acaba descobrindo através dos amigos que ela está de fora, ou porque não está participando dos eventos extras relacionados ao espetáculo como prova de figurino, sessão de fotos, ensaio geral, ou pior... descobre na aula após o espetáculo que ele já aconteceu e ela não estava lá.


Quando os pais optam pela não participação a primeira pessoa a ser comunicada tem que ser o aluno, já que é ele (e mais ninguém) que sonhou, se dedicou e se preparou para aquele momento e agora vai ficar de fora.


E como diria a minha mãe "A gente paga ballet o ano inteiro, se esforça pra levar, buscar e não vai fazer um esforço pra ver ela no palco?". Para os pais também é um evento único, especial, sem falar que na hora que o bailarino tá no palco, nada mais importa, a gente esquece todo o custo pois nada, N-A-D-


A se compara a emoção do dia do espetáculo e a felicidade e gratidão que as crianças exalam no fim do espetáculo.

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